Promover o desenvolvimento de tecnologia voltada para o mercado é um compromisso que se reafirma na Universidade Federal do Pará, e uma necessidade cada vez mais urgente para as indústrias do estado. “Nossa região é riquíssima em recursos naturais. Mas perdemos força num contexto de desindustrialização nacional, onde voltamos, substancialmente, a exportar matéria-prima. Não queremos isso. Queremos agregar valor aos nossos produtos e gerar emprego e renda para o estado”, enfatizou o presidente da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), José Conrado. A declaração ocorreu na última sexta-feira (25), durante reunião com os diretores da federação e o diretor da Universitec, a Agência de Inovação Tecnológica da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gonzalo Enriquez. Na ocasião, Conrado anunciou a assinatura de um convênio técnico e científico entre a Fiepa e a UFPA para o mês de maio.
O acordo, via Senai, prevê a elaboração de uma “balsa escola”, que irá percorrer as comunidades ribeirinhas do Marajó e as ilhas vizinhas a Belém, promovendo cursos de capacitação profissional. O projeto da balsa será desenvolvido pelos alunos do curso de Engenharia Naval. “Será a realização de um sonho que só será possível graças à parceria com a UFPA. Trata-se de um veículo de baixo custo e que permitirá que os cursos cheguem a regiões ribeirinhas. Isso é importante porque formamos mão de obra local. Esse trabalhador não vai precisar vir para a capital atrás de emprego. Ele poderá atuar no desenvolvimento da sua comunidade”, explicou o presidente da Fiepa, instituição que envolve, além do Senai, o Sesi, IEL, Centro Internacional de Negócios e 40 sindicatos setoriais.
Entre os cursos oferecidos, o de mecânica geral, mecânica diesel, eletricidade predial e industrial. “O acordo está sendo elaborado e estamos fazendo levantamento das demandas de cada região para definir o cronograma de cursos”, adiantou o consultor econômico da Fiepa, José Egypto, também assessor da reitoria da UFPA.
Pesquisa e indústria A parceria é a primeira de uma série de ações que marcam a aproximação entre as entidades. Uma delas é o edital do programa de incubação da Universitec, que este ano busca incorporar os projetos que mais se adequem às demandas do setor industrial. “Nosso edital foi moldado para atrair empresas que atuem em áreas de interesse direto da indústria do estado, em função de um acordo com a Fiepa, que apontou as áreas e principais segmentos”, detalhou Gonzalo. “A universidade está comprometida em fazer com que os alunos sejam donos dos seus próprios destinos, empreendedores. Nesse sentido, estar próximo da indústria e investir na pesquisa de tecnologia para o desenvolvimento desse mercado é indispensável”, completou.
Para o vice presidente da Fiepa e diretor regional do IEL, Gualter Leitão, a universidade é um instrumento para o desenvolvimento de tecnologias fundamentais, como as placas solares, e pode atuar em áreas estratégicas para a indústria, como a metrologia e a confecção de mobiliário. “Apostamos nessa parceria com a universidade, até mesmo para que ela sensibilize o governo no que diz respeito à tributação em cima de pequenas e microempresas. Elas precisam no nosso estímulo e apoio, mas também do apoio do estado”, frisou.
“O nosso grande projeto é agregar valor aos nossos produtos primários, e para alcançar isso, o caminho é a UFPA. Só por meio da pesquisa a gente irá conseguir sair da condição de exportador de matéria-prima, e vamos conquistar competitividade e potencializar a nossa produção para alcançar um mercado mundial”, concluiu José Conrado.
