‘O empreendedorismo é uma ferramenta de transformação pessoal e profissional’, diz Carla Bichara, do James Brownie

Publicado em: 10/09/2015 às 17:41
Tempo de leitura: 4 minutos

Quer conhecer mais sobre a história repleta de perseverança, criatividade e desafios de jovens empreendedores do Pará? Então confira, a seguir, a entrevista exclusiva com Carla Bichara, a primeira de uma série de bate-papos que irá contar histórias de jovens empreendedores. E não se esqueça: aposte você também no seu talento empreendedor, participe do Desafio Inove+.

O James Brownie existe há quanto tempo?

Há 1 ano e 9 meses. Por enquanto atuo “sozinha” à frente da empresa, enquanto única proprietária – mas à frente de um time de 21 pessoas que contribuem muito nessa caminhada. Temos duas lojas próprias e cerca de 65 pontos de venda do produto.

Quem conhece você fala sobre a sua verve criativa para os negócios. Qual a importância da ousadia para o empreendedor?

Acredito que o mundo do empreendedorismo está sob os holofotes como a “bola da vez” para a economia mundial, sobretudo no fomento de inovação e soluções para as cidades. E isso não é à toa, pois de fato estamos assistindo à reordenação do mercado, com o surgimento de modelos de negócios inovadores que vêm impactando sobremaneira o mundo. A ousadia é uma das habilidades chave para uma carreira de alto impacto, seja na vida do empreendedor dono de seu próprio negócio, seja no dia-a-dia dos intraempreendedores que movem grandes iniciativas dentro de corporações. Sou entusiasta da ousadia para busca de novas oportunidades no mercado, sendo essa a palavra de ordem na vida dos empreendedores – que precisam idealizar, planejar, executar e fazer a roda girar em meio a ambientes nem sempre favoráveis. Criar e testar produtos e serviços é como colocar “a cara no mundo”, e deixar que clientes os modelem da maneira que melhor lhes aprouver – negócios giram em torno de pessoas e de suas necessidades. É preciso ter coragem.

Iniciar um negócio não é fácil. Quais foram as principais dificuldades, como lidar com elas, e quais os caminhos que você percorreu (e percorre) no empreendedorismo?

Minha vida acadêmica esteve ligada ao Direito, tornei-me advogada e sempre atuei nessa área. Por uma brincadeira, hoje vista como oportunidade de mercado, publiquei brownies nas redes sociais, que acabaram culminando no surgimento do James Brownie. Despretensiosamente, através da exposição dos produtos, sem alto custo, em redes como Facebook e Instagram, fui desenhando o modelo de negócio. Sem know-how no assunto, sem planejamento estratégico, sem CNPJ, foram dados os primeiros passos da empresa que hoje existe. Aprendi na prática noções sobre produção, compras, trato com fornecedores e funcionários – e errei, errei diversas vezes. Cai e levantei, quando achei que não seria mais possível levantar. Busquei apoio em empreendedores com experiência, em empresas que já estavam há mais tempo no mercado – não podemos ter vergonha de buscar ajuda com quem sabe mais. E quando possível, comecei a buscar livros e cursos na área de empreendedorismo, online e presencial, sendo um desses grandes encontros a Fundação Estudar – do Jorge Paulo Lemann, uma rede fantástica de pessoas e oportunidades para aprender sempre mais sobre o mundo dos negócios. De toda forma, hoje, entendo que a habilidade de empreendedor precisa estar aliada a habilidade de ser técnico e administrador – essas são as três personalidades que devem coexistir nos líderes de sucesso, bem explanada no livro “O mito do Empreendedor”, do Michael Gerber. É extremamente difícil chegar lá. Um dia, quem sabe, com otimismo.

Em um momento delicado para a economia mundial e nacional, quais as estratégias para manter-se firme no mercado?

Para momentos como este, penso que o melhor é manter os pés no chão, reduzir custos, buscar queimar aquela gordura que sempre deixamos escapar em momentos de abundância (pequenos luxos, planos de internet onerosos com promessa de aparelhos de última geração, equipamentos com alto consumo de energia, ou ao menos diminuir seu uso), deve-se buscar tudo aquilo que não compromete a qualidade do serviço prestado ou produto, conquanto, a disciplina deve andar ao lado do otimismo, pois o que deve ser buscado acima de tudo é não perder importantes espaços conquistados junto à clientela, para assim que a economia melhorar, estarmos prontos para crescer junto com ela, e, não estagnarmos recuperando o que já tínhamos. Não é por outra razão que grandes nomes como Abílio Diniz e investidores lendários como o Warren Buffet sempre crescem em momentos como este.

Você é entusiasta de grupos de startup e integra diversas ações e grupos que discutem o empreendedorismo entre jovens. Qual a importância do jovem apostar no próprio negócio e entender de empreendedorismo?

Acredito que o empreendedorismo deve ser visto como ferramenta de transformação pessoal e profissional na vida de todos, sobretudo dos jovens que estão sendo inseridos no mercado de trabalho. Sem o glamour vendido sobre essa ideia, e sim com o pé no chão de que precisamos estar atentos aos problemas e demandas da sociedade e, com criatividade, ousadia, e poder de execução – desenvolver soluções de impacto à nossa comunidade. Isso quer dizer que precisamos de jovens que abram negócios inovadores, que criem oportunidades para outras pessoas, assim como precisamos de jovens empreendedores de si mesmos, que contribuam dentro de outras empresas, recriando a cultura empreendedora nas pequenas, grandes e médias corporações. O mercado está sedento por profissionais com este perfil. Seja como fundador, sócio, funcionário, todos precisamos falar, ler, entender e estar atentos às novidades ligadas ao empreendedorismo. Participar de comunidades e eventos ligados a este universo é de grande valia e uma excelente oportunidade de fazer networking com pessoas que estão vibrando as mesmas ansiedades.

Pude participar do Startup Weekend Change Makers Belém, evento global de empreendedorismo, onde tive contato com a comunidade de startups de Belém, chamada Açaí Valley, que fomenta diversos encontros e discussões no estado do Pará. Também participei do Imersão Empreendedorismo, em SP, e do Laboratório, em Brasília, programas da Fundação Estudar, que fomenta a formação de lideranças no Brasil. Neste último, lancei, com mais 5 colegas, o projeto “Transforme”, um e-book para empreendedores iniciantes, disponível gratuitamente no endereço www.transforme.com.vc.

 

 

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