Funcionamento
De maneira sintetizada, Mayara explica o funcionamento do sistema: “o controlador de carga, que rege todo o sistema, fecha o circuito painel-bateria durante o dia, para que a energia produzida recarregue a bateria estacionária, o que garante a autonomia do mesmo. À noite, o controlador fecha o circuito para que a energia armazenada na bateria possa suprir a demanda de energia elétrica requerida pelas lâmpadas e garantir a iluminação no período sem luz solar”. Todo esse processo é realizado automaticamente, através do painel solar que identifica quando é dia e quando é noite.
O sistema fotovoltaico é programado para durar 25 anos, com a primeira manutenção sendo realizada em 4, 5 anos. O orientador de Mayara, professor doutor Marcos Leite, fala da viabilidade do produto que em 20 anos já teria o retorno do investimento. “Como o sistema dura 25 anos, logo ele gera lucro de cinco anos. Caso sejam instalados 1000 sistemas fotovoltaicos, o lucro será de R$ 600.000,00 em 25 anos”.
Um protótipo está há uma semana instalado no Campus de Abaetetuba em fase de teste. “Não queremos engavetar esse projeto. Estamos em fase de teste para ajustar cada detalhe e tornar seu uso pertinente à sociedade”, fala Mayara sobre os planos, e continua, “a intenção é fazer com que o projeto abasteça toda a iluminação do Campus e, futuramente, de outros lugares públicos”. Até o momento, o sistema está em pleno funcionamento, recarregando a bateria de dia e iluminando a noite.
O projeto é constituído de um painel fotovoltaico de 55W, feito de silício, bateria estacionária com duração de dois dias de funcionamento sem geração de energia, controlador de carga com temporizador pré-programado e lâmpadas de LED (Diodos de Emissores de Luz) de 10 W, o que equivale a 70W da lâmpada convencional. A estrutura que suporta os componentes foi desenvolvida pela aluna através do AutoCad 3D e assume um design único e inovador.
Diferencial
O sistema tem dois principais pontos favoráveis. O primeiro é o que envolve a questão sustentável, “mesmo que as hidrelétricas não poluam o meio ambiente, alagam diversas áreas de florestas e desabrigam comunidades, já a energia gerada pelo sol, não afeta em nada o meio ambiente, sendo 100% renovável e não poluidora”, explica Mayara. O segundo ponto é a viabilidade do projeto. “Existem vários projetos de energia alternativa, porém poucos têm uma viabilidade financeira”. Mayara diz que pelas análises realizadas, esse sistema chega a ser 5% mais econômico que o modelo convencional, e essa diferença tende a aumentar visto a produção em massa dessa fonte.
O início
A ideia surgiu do próprio professor Marcos, que durante seu doutorado em Portugal conseguiu observar em vários lugares essa fonte de energia e procurou trazer para Belém, de uma maneira mais viável. “Na Europa a energia fotovoltaica está bastante difundida, quando eu estive em Coimbra observei que os semáforos eram alimentados por placas solares (fotovoltaicas). Ao retornar ao Brasil, percebi que sistemas similares poderiam resolver o problema do apagão. Dessa forma trouxe a ideia para a cidade e junto com Mayara começaram a colocar em prática essa ideia”, concluiu.
Texto: Juliana Maués – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Arquivo/Campus de Abaetetuba