Um projeto-piloto produzido por pesquisadores e alunos da Universidade Federal do Pará (UFPA) propõe a criação de um modelo de fornecimento de energia a localidades isoladas da Amazônia, com uso de geração solar e sistemas de armazenamento de eletricidade.
Desenvolvido em parceria com a Norte Energia, dona da hidrelétrica Belo Monte, o projeto pretende simular em tamanho real o sistema em uma localidade do entorno da usina, em Altamira (PA). O projeto, com prazo de 30 meses, surge na esteira do anúncio do governo de um plano para descarbonizar a geração de energia na Amazônia, no lugar de combustíveis fósseis.
As baterias podem armazenar e manter o fornecimento de energia por muito mais tempo, enquanto os supercapacitores podem atender a elevações rápidas de demanda nas comunidades isoladas. A miniusina solar, as baterias e os supercapacitores serão instalados em uma área ao lado da subestação Pimental, em Belo Monte. A Norte Energia investiu R$ 5,96 milhões em recursos do programa de P&D da Aneel.
Para o Coordenador do projeto, Thiago Mota Soares, Pesquisador da UFPA, o sistema de armazenamento está sendo projetado para ter autonomia de dois dias sem a incidência de sol. Segundo Thiago, uma das inovações está no desenvolvimento, pelos alunos, de um conversor eletrônico que faz a gestão do armazenamento e do despacho da energia, garantindo mais confiabilidade no fornecimento da eletricidade. “A aquisição dos equipamentos está em andamento, além da contratação da empresa que implantará o sistema”, informou.
Soares destaca que o projeto-piloto surge quando o setor aguarda regulamentação para sistemas de armazenamento. Ele espera que os resultados possam contribuir para o debate regulatório do uso desses sistemas. “Com isso, a gente pode dar contribuições técnicas, ajudando no desenvolvimento desses sistemas no setor elétrico”, disse.
Do mesmo modo, o pesquisador vê a importância do projeto crescer diante de planos da descarbonização da Amazônia. Há cerca de dez dias, o governo publicou decreto que instituiu o programa Energias da Amazônia, para reduzir o uso de óleo diesel e óleo combustível na geração de energia em sistemas isolados na Amazônia e assegurar o fornecimento de energia para essas localidades. O programa prevê o investimento de R$ 5 bilhões para viabilizar a transição dos sistemas isolados amazônicos.
Para Soares, o projeto pode ser visto como um dos caminhos para conciliar o fornecimento de energia para as comunidades isoladas em toda a Amazônia e a sustentabilidade. “O meio ambiente é um dos bens mais preciosos que nós temos. Temos que fazer com que ambos [o fornecimento de energia e a preservação ambiental] cresçam de mãos dadas”, concluiu.
Texto adaptado do portal Valor Econômico.
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