Com o objetivo de apoiar empresas no processo de inclusão e permanência de PCD no ambiente de trabalho, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), por meio do Programa SENAI de Ações Inclusivas (PSAI), lançou, na noite da última terça-feira (07), o projeto Inclusão de Pessoas Com Deficiência na Indústria (IPCDI). Segundo a coordenadora do projeto, Flora Barbosa, o primeiro passo da iniciativa é a sensibilização dos empresários.
“Somos cientes de que as empresas precisam cumprir a Lei de Cotas e, por isso, estão sempre em busca dessas pessoas. Porém, nosso primeiro passo é trabalhar a sensibilização por meio de informações concretas, mostrar que o PCD pode ser útil para a empresa como os demais funcionários. Por isso, trabalhamos com a qualificação dessas pessoas e na consultoria dentro das indústrias, para que o empresário não ache que está fazendo caridade nem o PCD tenha atuação improdutiva na empresa”, comenta Flora.
Uma pesquisa da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) Nacional, da consultoria de Inclusão Social e Econômica Isocial e a Gestão de Recursos Humanos Catho, realizada com 2.949 profissionais do setor, apontou que 81% dos recrutadores contratam pessoas com deficiência “para cumprir a lei”. Apenas 4% declararam fazê-lo por “acreditar no potencial” e 12% o fazem “independente de cota”. Essa obrigatoriedade, sem reconhecimento, cria barreiras no processo de inclusão. “No momento em que a empresa se propõe apenas em cumprir com uma exigência legal, ela passa a criar um fardo para si, nem dá a oportunidade do deficiente mostrar que é capaz de desenvolver sua função. Então, é preciso mudar esse olhar dos empresários e da sociedade sobre a competência do PCD”, avalia a Terezinha Lisieux, conselheira do Cores – Conselho de Responsabilidade do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), que, junto com o Serviço Social da Indústria (SESI), apoiam o IPCDI.
Com uma equipe multidisciplinar, o projeto visa contribuir com ações que vão desde o mapeamento de PCD nas localidades onde as empresas estão instaladas, identificação de postos de trabalho que possam receber PCD, qualificação profissional voltada para as demandas, orientações sobre adequações de máquinas e equipamentos dentro dos empreendimentos, sensibilização de todo o quadro de funcionário que compõe as empresas, orientação quanto a aquisição de materiais de apoio e demais tecnologias assistivas, acompanhamento do RH da empresa nos processos de recrutamento, seleção, admissão e demissão, além da qualificação por meio do curso de Libras e de informática para cegos.
A assistente social da Mariza Alimentos, Milla Araújo, comemora o lançamento do projeto. “É uma iniciativa excelente, que vai nos ajudar nesse desafio que é contratar e acolher essas pessoas com deficiência dentro da indústria. Muitas vezes, existe a vontade, mas nos perdemos nesse processo. Então, essa assessoria do projeto nos ajudará e nos anima a vencer esse desafio”, destaca a assistente social.
Um caso de sucesso no que diz respeito a responsabilidade social é a Alubar Metais e Cabos S/A. A empresa possui dentro de seu quadro de funcionários um número maior de PCD do que é exigido pela Lei de Cotas e, desde 2009, realiza um intenso trabalho de valorização de pessoas com deficiência, investindo na qualificação desses profissionais.
Presente no lançamento do IPCDI, o psicólogo e analista de recursos humanos da Alubar, Edgar Oliveira, palestrou sobre a atuação da empresa junto a pessoas com deficiência e a contribuição delas dentro da indústria. “Essas pessoas, mesmo com alguma limitação física, são plenamente capazes de desenvolver as atividades que qualquer outro profissional desenvolve. O ganho em tudo isso é que eles são extremamente competentes, dedicados e determinados, e isso contagia os demais funcionários e agrega valor à empresa”, destacou Oliveira.
Para a Cacilda Pegado, gerente de responsabilidade social do SESI, a Alubar é um exemplo de que é possível tornar a contratação do PCD menos difícil quando não se olha apenas para a deficiência, mas para a competência dessas pessoas. “Estamos fazendo nossa parte, oferecendo assessoria e pessoas qualificadas para as empresas. É um passo e esperamos contar com outros agentes da sociedade para, cada vez mais, superarmos os preconceitos, sobretudo quando se tratam de oportunidades de trabalho para pessoas com deficiência”, considera Pegado.
Lei de Cotas
A lei 8213/91 determina que empresas com 100 funcionários ou mais incluam de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiências habilitadas na seguinte proporção: até 200 empregados, 2%; de 201 a 500 empregados, 3%; de 501 a 1.000 empregados, 4%; e de 1.001 em diante, 5%.
Serviço
Para saber mais sobre os serviços de consultoria do projeto Inclusão de Pessoas com Deficiência na Indústria, entre em contato pelo e-mail rsa@senaipa.org.br ou pelo telefone: 4009 – 4779