‘O empreendedorismo transforma a audácia em uma alternativa para o sistema’, diz Bernardo Magalhães, da Libra Design

Publicado em: 08/10/2015 às 14:52
Tempo de leitura: 3 minutos

1. A intenção germinal de empreender surgiu em que momento?

Na verdade, desde criança tive o ímpeto de empreender sem nem entender onde estava me metendo. No colégio, vendia desenhos, cadernos customizados e conseguia um trocado pras figurinhas. Quis o destino que escolhesse o Design e a Publicidade como caminho, e os meios de expressar ideias me levaram aos primeiros trabalhos de ilustração. Cartilhas, cartazes e materiais gráficos surgiram como os primeiros trabalhos, os quais fazia com um amigo. Comecei a tomar gosto pela coisa, e no afã de um espaço que nos tirasse do home office encontramos suporte na Incubadora da UFPA (PIEBT), onde enfim viramos empresa. A motivação veio dessas oportunidades, e por não enxergar de nenhuma outra forma a possibilidade de me tornar o profissional que eu gostaria de ser.

 

2. Qual a importância do jovem apostar no próprio negócio e entender de empreendedorismo? Ter integrado a incubadora de empresas teve importância nesse processo?

As gerações ditam o ritmo do mundo. Vim da geração Y, os Millenials, e temos a expectativa de ter informação e entretenimento disponíveis em qualquer lugar e a qualquer hora. Crescemos globalizados, com uma audácia irresponsável e buscando contestar hierarquias tradicionais e formas de evolução profissional. Entender mais sobre o empreendedorismo foi uma forma de tornar esse impulso menos irresponsável, e sim uma alternativa ao sistema. A incubadora foi importante pra ter um contato mais adulto com pessoas de outra geração que tiveram que primeiro passar pelas formas tradicionais de trabalho, tendo emprego, frustrações para enfim se libertar. Consegui avançar etapas, e vejo hoje a nova Geração – a Z – ainda mais anárquica, buscando se expressar e marcar um lugar no mundo, utilizando todas as formas disponíveis de conexão com as pessoas (e até criando e desenvolvendo outras). Estes novos jovens trarão ainda mais descompromisso com as regras e carregam a bandeira da inovação para o próximo ciclo de empreendedores e empreendimentos.

3. Iniciar um negócio não é fácil. Quais foram as principais dificuldades, como lidar com elas, e quais os caminhos que você percorreu (e percorre) no empreendedorismo?

Bom, creio que muita gente lê ou ouve histórias de sucesso e dá a sensação de que teve uma grande dose de sorte. Porém, a parte dos louros é a mais bonita, mas o romantismo para por aí. Existem dificuldades, resistências, crises, e tudo isso precisa ser contrabalançado com segurança e determinação. Nessa hora, os clichês são valiosos. Pode estar tudo dando errado, mas os lamentos não impulsionam ninguém. As dificuldades foram a total falta de capital inicial, a juventude e falta de experiência. Comecei com 19 anos, já precisei enfrentar salas lotadas de pessoas bem mais velhas que eu e manter uma postura firme. Minha principal aula de empreendedorismo foi no dia a dia, por conviver com uma variedade de negócios em diversos nichos e mercados – o que me abriu horizontes dos quais consegui tirar lições preciosas. Confesso que ando afastado de cursos e capacitações, porém acompanho sites como o Endeavor, PEGN, que sempre tem artigos e dicas ótimos.

 

4. Atualmente a empresa emprega quantas pessoas? Quais os serviços que vocês oferecem na agência?

Hoje somos 15 – entre diretores, coordenadores, equipe e estagiários. Somos uma agência de Design, então nosso único serviço é criar valor e envolvimento entre marcas e pessoas. O fazemos por meio de vários produtos, como criação de sistemas de identidade visual, materiais gráficos comerciais ou institucionais, ativação de marca em espaços físicos, sites e marketing digital – todos sob a batuta do Branding, que é a gestão estratégica da marca por meio do empoderamento de pessoas e potencialização de seus pontos de contato.

 

5. Em um momento delicado para a economia mundial e nacional, quais as estratégias para manter-se firme no mercado?

Ouvi de um cliente que os momentos de crise separam os profissionais dos aventureiros. Um aventureiro é uma pessoa que busca empreender em um mercado “que está dando”. No momento desta dita crise ele se desespera, controla os custos, demite e corrobora com a derrocada. O profissional investe, se diferencia, consolida seu posicionamento e atrai inclusive a clientela dos concorrentes. Percebemos isso, neste momento fomos procurados por empresas que não tiveram medo de se firmar em divulgar seus produtos e serviços.

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